terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Voô Cego - Julio Emilio Braz


Não há ninguém em casa. Todos partiram para suas festas de sempre, a cerveja cotidiana, as fofocas existências, para os dias azuis e tão iguais de que são feitas todas as rotinas de seus mundinhos medíocres na busca vã por dinheiro, pelo consumo que nos une, deprime, reprime, e não raramente, frustra. Estou sem fôlego para tudo isso. Meus olhos estão negros de tanto viver à margem, na escuridão de todos os meus poucos tantos anos nesse mundo.

Perdoem-me por existir tão inutilmente.

Quando o mundo o decepciona e você fica só e pra baixo, nem uma mulher peituda levanta o astral. Não sobra vontade pra nada. Tudo é oco e você parte feito louco atrás de qualquer remédio para mal tão absoluto.

Melhor encher as veias daquilo que queima mas também libera ou se não libera, joga-o pra longe dessa vida arrastada, que não vale nada ou que o assusta, mete medo, deixa impotente, frustrado, incapaz de lutar, perseguir qualquer sonho.

Sabe o que acho?

Sou um covarde. Sempre serei assim. Terei medo, não aceitarei errar e por isso, nem tentarei, a vida não valera nada e eu espetarei uma agulha no braço para não ter ou ser obrigado a qualquer coisa, ilhas sonolentas de prazer muito curtos serão todas freqüentadas por mim por muito pouco tempo. Sou um eterno passageiro de viagens frustrantes que não me levam a qualquer lugar.

Que fazer?

Nada!

Sou assim e pronto. Não sei se é tão ruim, mas se for, o azar é todo meu, não é mesmo?

Bom, por isso dá para ser responsável.

Tô legal...

Choveu a noite inteira. Os vidros da janela estão embaçados. O mundo sumiu. O Silêncio é estranho. Estou só neste mundo?

Vou voltar pra cama. Faz frio. Não faz frio. Eu é que sinto frio. Tédio. Tem horas que me pergunto o que estou fazendo aqui. Sem resposta. A vida passa e a pior desgraça é que não sei bem o que fazer com ela. Não vou mandar e-mail pra ninguém. O computador também é um saco. Os chats estão povoados por babacas egoístas que só falam do próprio umbigo e parecem só se importar realmente com eles mesmos. Mundinho idiota. Vida bandida. O que é que estou fazendo aqui, cara?

Esperando meu Bin Laden?

É, talvez. Todos os que se acovardam diante da grandiosidade da vida esperam um Bin Laden entrar em sua vida, alguém que lhe conte mentiras ou que lhes diga o que fazer ou que lhes dê um sentido na droga da vida de merdinha que leva e que pode levá-lo até a jogar seus aviões existenciais sobre outras vidas tão idiotas e vazias quanto a sua.

Eu estou bem pra baixo hoje, cara!

Melhor dormir e acordar amanhã. Chuva fria. Manhã sombria. Rima pobre num poema capenga que jamais vou escrever. A televisão está ligada. O mundo flui mansamente num azul esmaecido. Num zumbido que retalha meu cérebro como a lâmina enferrujada de uma gilete velha.

Eurochannel...
Quando eu tiver vinte e um...
Escócia. Jovens escoceses pensam no futuro com olhos tristes.

Vinte e um.
Chegar aos vinte e um.

Não sei. Distante. Distante para mim. Um documentário triste com gente triste numa cidade triste, escura como o dia lá fora.

Chuva bate no vidro. Vidro embaçado. Água misturada com poeira de todas as imundícies do mundo. Falta algo no quarto. Meu corpo foge de mim.

Ilha sem mar. Mente sem ar. Sinto falta de algo concreto em torno de meus pensamentos.

Será a morte?

A agulha entra cada vez mais com facilidade. Vou e volto. Não sei pra onde vou, mas sei pra onde volto. Pra mim mesmo.

Não quero. Continuo. Vou. Vou...

A agulha queima cada vez que entra. Dói aqui e ali. Uma gota de sangue. Vermelho. Violeta. Roxo. Cores demais. Cores que me arrastam pra dentro de uma paz infinita. Felicidade. Sinto-me feliz porque me sinto mais leve, mais de mim, dentro de um prazer gostoso demais. Não me obrigo a fazer nada. Não tenho por que lutar nem com quem lutar. Não dou explicações. Faço o que quero, mas nem preciso.

Alivio. Sinto-me leve. Sinto-me em outro lugar, mas não sei bem onde e como.

Não precisa. Precisa Nada.

Só preciso estar aqui, agulha espetada no braço, na veia.

A paz é branca feito o pó que gruda nos dedos e empurra bem depressa para o esquecimento.

Quero mais.

O tempo está do meu lado. Acaba. Passa. Se vai bem devagar, como coisa sem importância, anônima como eu, como tudo o que sou, fui, e claro, serei. Doce blábláblá antes do fim, não leva nada, passa o tempo, passatempo, algo para se fazer quando não resta nada a se fazer a não ser se arrastar, se arrastar...

Uma.
Duas.
Três.
Quatro.
Cinco.

Quero mais. Quero paz. Quero não precisar ir a lugar algum, lutar por qualquer coisa, ser qualquer coisa, olhar nos olhos do mundo, ouvir meu pai, encontrar minha mãe, ser irmão de meus irmãos, amigo de meus amigos, amar minhas namoradas, saber qual é a capital da Mongólia, estudar polinômios, descobrir o que é mesóclise, atrapalhar-me com transcriptase reversa, saber quem é o presidente, governador ou prefeito, escolher que roupa vestir, ver o Big Brother e acreditar que é tudo verdade, ouvir a toda hora “o que você vai ser quando crescer” – e se você quer mesmo saber, serei apenas grande e bobo como a maioria -, pagar impostos, votar obrigatoriamente, ir para o exército obrigatoriamente, ler obrigatoriamente. Nada.

Quero mais.
Uma. Duas. Todas.

Agulhas. Muitas agulhas. Todas as agulhas do mundo.

Você quer. Não pode ficar sem; é maior que você, maior do que eu, maior do que todo o mundo. Queima nas veias, mas alivia a alma.

Nossa!

O que estou dizendo?

Morrendo e filosofando feito um bêbado num bar de madrugada chuvosa e vazia.

Meu pai usou droga. Ele ainda fuma maconha. Diz que nunca fez mal nenhum pra ele. Tem que saber parar, ele repete. É como um longo vôo no céu sem nuvens nem turbulências. Viagens tranqüilas. Acho que não sou um bom piloto. Pior, sou um péssimo piloto num vôo cego para lugar nenhum. E pior ainda, o combustível está acabando...

Meu nome é João Henrique, disso eu me lembro.

Ique. É, Ique pode ser. Também. Ique. João Henrique. João Henrique.

Tanto faz.

Eu que já perdi tantas vezes tentando ganhar, já não me importo mais. Sério. Vontade, verdade, não sinto mais nada. Quero voltar pra cama. Todo dia, toda hora, o tempo inteiro.

Por que eu tenho que competir?
Por que eu devo ser um vencedor?
Isso é mesmo necessário?
O que é fracasso?

Sou fracassado por tentar e nada conseguir ou por simplesmente não tentar?

Minha covardia é minha grande vantagem ou a minha maior vergonha?

Não cumpro minhas promessas, esqueço bem depressa. Lembrar é o grande inferno de qualquer existência.

Melhor esquecer. Melhor viver só esse instante e esquecê-lo o mais depressa possível. A lembrança não vale o sofrimento, o remorso, o arrependimento, o “se” de que fazermos todos os nossos amanhãs.

Vai por mim, esquece. Esquece tudo. Não guarda nada. Jogue todas as fotos fora. Cartas. Cadernos. Notas. Diários. Tudo. Não vale a pena. Não vale nada. Não vale.

Não há estradas na vida. É, cara. A vida é a própria estrada. Temos que ir em frente, sem tempo para dúvidas. Quando se pára atrás de certezas absolutas, o cara fica como eu. Indo, indo, indo e, hilário, não saindo do lugar. Travando.

Tão só. Tão só. Tão só...

Quero falar e não digo nada. Digo e não parece nada. Meus olhos vermelhos, cheios de lágrimas ou de drogas, tanto faz, não me deixam dormir Tudo continua como ontem, o amanhã é uma eternidade que se arrasta pelo presente vindo de ontem e tudo é sempre igual, me envenena, faz mal.

Tempo. Tempo. Que faço com todo esse tempo?

Sinto que despenco. Caio. Caio. Caio. Caio sem parar, sem ter onde me agarrar. A sensação de vazio, da ausência do mundo sob mim, à minha volta, é mais horrível que já experimentei. Absoluta. A noite parece não ter fim.

Fiz a chupeta pouco depois que Renato Russo começou a cantar...

Si sbaglia sai quase continuamente/
sperando di non farsi mai troppo male...

... a cocaína foi entrando bem depressa na veia...

... Non siamo angeli in volo venuti dal cielo/
Ma gente comune Che ama davvero/
Gente Che vuole um ondo più vero/
La gente Che incontri per strada in città...

...nem tirei a agulha da veia, injetei de novo.

... La gente Che insieme lo cambierà.

Nossa.
Nossa.
Noossa.
Nooossssaaaaaaaaaaaaa...

Uma vez meu pai achou um cigarro de maconha na minha mochila. Brigou. Briguei com ele. Brigamos feio. Ele me xingou. Xinguei meu pai. Ele me deu um tapa e depois se encheu de culpa. Falou macio. Pediu. Mandou pro psicólogo. Freqüentei um monte deles. Ouvi palestras. Parecia que eu tinha um grande problema. Meu pai passou muito tempo ao meu lado tentando recuperar o tempo ao meu lado tentando recuperar o tempo perdido, sabe. Culpa nos olhos. Bobagem. A culpa não era dele. Não era o melhor pai do mundo, mas estava na média. Não havia culpa. O que ninguém entendia é que eu gostava daqueles cigarrinhos de maconha. Não era safado, burro ou vagabundo. Só queria me encher de fumaça e ficar longe de tudo por uns tempos.

Difícil de entender? Não, era difícil aceitar.

Como é que um pai que tem a cabeça sempre cheia de sonhos pode aceitar que seu filho não tem sonho algum na cabeça?

Problema, né?

Ele vivia perguntando sobre o que eu pretendia ser quando crescesse.

Precisava ser alguma coisa?

Meu pai acabou me deixando de lado quando meu irmão passou pro Colégio Naval e apareceu em casa todo de branco feito noiva, mantendo a tradição familiar.

Que beleza!

Mais um marinheiro na família e meus pais e meus tios babando, olhando-o com aqueles olhos de quem contempla um futuro almirante.

Bom, pelo menos me deixaram em paz...

UAUU!

É tudo culpa sua. É tudo culpa sua. É tudo culpa sua. É tudo culpa sua. É tudo culpa sua. É tudo culpa sua. É tudo culpa sua...

A frase da minha vida.

MANHÊÊÊÊ!

Olho pro céu. Não tem estrelas. Cinza. Tudo é cinza. A tristeza cresce. E eu que gostaria que as estrelas brilhassem só pra mim com mensagens felizes, fossem orientadoras, levando aos caminhos desconhecidos, mas atraentes que fazem o prazer e o destino de tanta gente lá fora...

Escrevi um verso num pedaço de papel. Perdeu a graça, era bobo. Rasguei. Nem sei por quê. Só rasguei. Fim.

Você sabe por que dou tudo o que tenho por uma única possibilidade de correr maiores riscos na vida?

Não sei, não. Estou perguntando.

Droga, não tem ninguém para me dar uma resposta; pelo menos uma que me convença.

IAAAAAAAAAAAAAÁ!
...AHHHHHHHHHHHH...

O mundo está cheio de caras bobocas que escrevem. E pior: cantam todas canções de amor como se amar respondesse por todas as necessidades de qualquer homem ou mulher.

Não é. Infelizmente, não é.

Amor é apenas um hiato de fantasia, segundos de abstração, algo bem parecido com uma agulha na veia, o pó lambuzando as narinas, a fumaça nos empurrando para o nada. Nada de vida. Nada de dificuldades. Nada. Apenas nada.

O grande e desolado nada que afinal de contas é tudo o que quase todos têm a apresentar como vida. Por isso, a gente espia a vizinha pela persiana, ouve a conversa de qualquer um, fica na frente da televisão para ver novela ou reality show. Porque somos nada e precisamos da ida de outros para dar sentido ou pelo menos justificar as nossas.

É, nós somos nada, não temos a menor importância.

HUMMMMM
ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ...

Ei...
Ei!

Meu coração...
Meu coração não pára de bater. Bate forte. Bate muito. Bate depressa. Bate loucamente.

Que frio!

Não paro de suar. O coração não pára de bater.

Meu Deus, o que foi que eu fiz?

Mãos poderosas me apertam com força, muita força.

Meus músculos...

Meu coração não pára de bater. Me encolho num canto, olhos arregalados, suando, suando muito, esmagado.

Estão me esmagando!

Ai!

Estão me esmagando.

O que é isso?

RING RING

O que é que estou fazendo encolhido aqui no canto?

AARRGHH!!!

Meu Deus, Meu Deus, Meu Deus...

Que doidera!

O que é isso?

APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA APERTA...

Piangi e non lo sai quanto atro male ti farà La solitudine...

Tenho que chegar ao banheiro...

Meu corpo não me pertence mais. Torce. Retorce. Os músculos das pernas, dos braços e do peito se enroscam uns nos outros como uma montoeira de cobras. Enroscam. Torcem. Retorcem. Apertam. Meu corpo salta. Esbarro contra objetos – deixo uma trilha de mesas, cadeiras, revistas, seringas, jornais, garrafas vazias pela casa.

Não vejo nada. Tremo. Tremo. Não consigo parar de tremer. De suar. Rasguei a camisa, a meia do pé esquerdo ficou pra trás em algum lugar entre a sala e a cozinha. Caiu uma pilha de livros sobre minha perna. Escorrego nos CD’s espelhados por todo o lado.

Meu Deus, eu vou morrer!

Estou morrendo.

Tenho certeza.

Estou morrendo.

Rastejo.

Rastejo.

Rastejo.

Não saio do lugar.

O coração.

Tremores.

Vomitei.

Escorreguei no vômito. Caí. Bati com a cabeça. O sangue que escorre pelo meu rosto queima, tem um gosto estranhamente adocicado.

Vou morrer.

Estou morrendo.

Não agüento. Não acredito. Não sei.

Banheiro.

Preciso ir ao banheiro.

Mal sinto meu corpo. Sou a semiconsciência final que flutua num mar gelatinoso e escuro. Mole. Estou mole. A vida é uma nesga de luz. Mal distingo qualquer coisa. Apenas entrevejo.

A casa.

O quarto.

O corredor.

Não sinto o cheiro nauseante de vômito. Escurece bem depressa. Tenho medo da escuridão. Como qualquer outro, tenho muito medo da escuridão. Como qualquer criança.

Enfiei-me debaixo do chuveiro. O coração está querendo sair pela boca. Fecho. Trinco os dentes. A água fria me dá arrepios.

Não, não é a água. Acho que vou morrer e não quero morrer.

Sangue escorre do alto da cabeça, pelo nariz. Algo ou alguém está me estrangulando. Vou morrer. A água é fria. A vida me escapa por todos os poros. Mesmo debaixo d’água, estou suando.

A água que escorre para o ralo é vermelha. Sangue sai de meu corpo, vida que sai de meu corpo. Tremo que nem consigo pensar. Sufoco. Sufocado. Morte. Gotas enormes despencam do chuveiro sobre mim. Bato a cabeça com força contra a parede, golfinhos felizes num branco opressivo. Mais vômito. Não quero morrer. Vou morrer. Não quero morrer. Vou morrer. As gotas d’água enormes batem com força na minha cabeça. Minha cabeça tá rachando. Dói. Dói. Tá rachando. Dói. Tá rachando. Dói demais.

A água tá fria. Meu corpo está congelando...

Cadê meus pés?

Onde foram parar minhas pernas?

Sumiram meus braços!

Meu Deus, não me leva!

Não, ainda não?

Agarrei a língua. Ela está querendo enrolar. Vou morrer sufocado. Pela língua ou pelo vômito.

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ

Desmaiei. O Box transborda de água e sangue. O aperto aumenta. O coração faz meu peito saltar mais fracamente. Sonolência. Minhas pálpebras pesam. Perdi meu corpo no último desmaio e não sei onde deixei nem se voltarei a reencontrá-lo. Meus dedos sangram, feridos pelos dentes, ainda segurando a língua.

...passerá/
In um mondo di automobili/
e di gran velocità/ e per chi arriva sempre ultimo/
e per chi si dice addio/
per chi sbatte negli ostacoli/
della diversità/
le canzoni sono lucciole/ che cantano nel buio...

Meu coração...

Meu coração...

Coração...

Não consigo mais me mexer. Sinto-me leve. Vazio. Cada vez mais vazio.

Não tem mais pasta de dente... Papai vai ter que comprar... Acho que o telefone está tocando... Ou é a campanhia?

DING DONG

... Amoré mio è la forza della vita/
che non si chiede mai/
cos’è l’eternità/
ma che lotta tutti i giorni insieme a noi/ finchè non finirà/
Quando sentirai/
che afferra Le tue dita/
la riconoscerai/
la forza dellta vita/
La forza è dentro noi/
amoré mio prima o poi la sentirai/
la forza della vita/
che ti trascinerà com se/ che sussurra intenerita:/
“guarda ancora quanta vita c’è!”

FIM

João Henrique dos Reis Coutinho, 17 anos, foi encontrado morto na manha de ontem na casa do pai, o industrial João Alberto Nabut Coutinho. Na 15ª DP, na Gávea, o paio do rapaz admitiu que o filho era usuário de drogas e até há dois meses atrás estava numa clínica de reabilitação em Vassouras. A polícia suspeita que João Henrique tenha morrido em decorrência de uma overdose de cocaína...

Autor:

Falar de nós mesmos, depois de mais de 100 livros publicados, não é tarefa das mais fáceis. Você tem a nítida impressão de estar se repetindo e se há alguma coisa que me chateia realmente é me repetir.
O que dizer que ainda não foi dito.
Bom, não custa tentar.
Entro no século XXI, como tripulante e passageiro dos mais maravilhosos 42 anos de experiência humana. Sou mineiro de nascimento, carioca por afinidade e escritor por profissão e maioria de votos. Só isso já valeria a pena.
Escrevi e ainda escrevo sobre tudo e qualquer coisa. Nos últimos 14 anos, no entanto, decidi-me pela literatura infantil e juvenil em especial, e pela discussão em tais livros de temais sócias relativos à realidade brasileira. Recebi alguns prêmios no Brasil e em países como Áustria, Suíça, e Alemanha, mas isso nem é o mais importante. Importante realmente é, primeiro, fazer o que se gosta e só por esse aspecto já sou um homem imensamente feliz; e, segundo, ter a consciência de que posso estar contribuindo, com meus livros, mesmo que modestamente, para a construção mais importante da vida: o homem.
Posso querer mais?