domingo, 19 de março de 2023

Sob as labaredas dos confins da existência factual

 


Há certos conhecimentos que não matam a sede,

Mas envenenam a alma, padecem o espírito.

Pois uma vez que seus pés saírem do limbo de delírio,

Não há possibilidade alguma de se fugir da solidão.

 

Dói a incompreensão.

Mas a dor já não dói como antes.

Tenta-se chorar sem êxito,

Pois não se sente mais nada à flor da pele.

 

Teus olhos desiludidos nunca mais verão cor em uma flor,

Agora enxergas a pele só como o provável destino de uma faca afiada

Conhecer a realidade despida de vestimenta, mas trajada de malícia irreverente

É uma experiência paradoxal.

 

Você morre por dentro a partir do momento que vive sob as labaredas dos confins da existência factual.

Sentenciado a viver recluso para sempre,

Procurando em cada olhar um que esteja procurando um como o seu também.

Olhares sem véus.

 

Um tanto curioso pensar que o destino dos poucos que vem a vislumbrar a verdadeira, genuína e absoluta realidade,

Aqueles poucos que acabam por descobrir todas as respostas ainda não desvendadas,

São castigados com uma vida solitária, incompreendida e lamentável.

O despertar liberta-os da ilusão, mas os aprisiona fora dela.

 

Mortos de sonhos, 

Vazios de compreensão

Cheios de certezas

Em meio a pessoas acorrentadas por fatos falsos

Desconsiderados

Considerados dissimulados

Separados de todos ainda que estejam lada a lado

Vivendo sobre o mesmo chão, porém isolados em realidades paralelas.

 

Não existe mais andar de mãos dadas.

Não existe a alegria de olhar olhos que consigam ver além do que está aparente 

Não existe mais sorrisos de verdade.

Nem noites de sono tranquilas.

 

domingo, 26 de fevereiro de 2023

mrcs


Me conta tudo,
Quero conhecer-te por inteiro.
Os detalhes, as emoções...

Eu ja te amo, 
Não importa a estação.
Se é inverno ou verão. 

Seria um prazer, 
Conhecer-te mais e mais.
És como um livro raro,
Que vislumbro decorar parágrafo por parágrafo.

Pra tudo sobre você saber.
Pra melhor te entender.
Pra achar sentido,
Nisso que venho por você sentindo.

Enquanto quero ser o mais racional possível,
Me parece um tanto improvável,
Esse romance não sucumbir,
Em frustrações e ilusões arquitetadas por mentes conturbadas.
Vivendo um amor no limbo da projecão.

Diz me amar,
Mas não sabe quase nada.
Não sabe o que mais me magoou,
Nem meu momento mais feliz.

Te amo,
E sei ainda menos de você,
que você de mim.
Nossas histórias não são fáceis de encontrar,
Não estão em dvd, nem em canal de TV.
Indago-me de fato se sente pressa em conhecer-me e por mim ser conhecido. 

Se eu fosse um livro,
Quantas páginas te entreteriam por dia?
Quanto tempo perderia me lendo?
Seria eu pra você um livro bom de se ler?

Na verdade, 
Nem sei se você teria interesse
Em ler-me por inteiro.
Conhecer-me desde a primeira página. 

Mas posso afirmar,
Que tu és livro que mais almejo.
Conhecer-te desde o começo. 
Saciar-me com teus capítulos.
Pra te amar sem soar mero delírio.

Não parece sensato,
Amar alguém que pouco sei do passado.
Que talvez não aguente ou mereça carregar o meu fardo.
Seja por não combinar,
Ou por não aguentar.

Será mesmo possível,
Plausível
Ou ao menos razoável,
De fato, amar-te assim,
Conhecendo-te só por poucos dos teus trechos.
Versos sem desfeichos?!

Caso não queira se entregar assim.
Contar sua história todinha pra mim,
Ao menos se exfoce pra enganar-me.
Fale de você causos inventados,
Deixe-me crer ser verídica,
Suas verdades fictícias.

Se não puder vir a realmente te conhecer,
Ao menos cuide para que a ignorância em que viverei,
Permaneça apaixonada.

Finja ser real esse amor enquanto puder.
Adoraria te conhecer,
Mas me satisfaço,
Com qualquer conto inventado,
Contanto que continue do meu lado,
Depois de contar-lhe todo meu passado.

Quanto a mim...
Sou um livro aberto.
Conheça-me tanto quanto quiser.
Ou me ame sem pouco sobre mim saber.
Só não deixe de responder.
Só permaneça.
Seja o rosto que pintarei na minha proxima tela.
Desconheça-me, mas não se vá.

Se for o caso, 
A gente continua esse amor,
Sem um, o outro conhecer.
Crie um personagem,
Mescle com algumas verdades,
Mas, por favor, deixe que esse amor pra mim asssemelhe-se com verdade.

Conhecendo-te ou não,
Conhecendo-me ou não,
Eu ja te amo,
E você diz me amar.

Se não é normal, 
Faça ser.
Ja te amo,
Apesar de pouco conhecer.

Só me beija,
Leva pra cama,
Dança com a mão por baixo do meu pijama.
E por favor,  vê se não abandona.

Pouco te conheço,
Ja te amo.

Pouco me conhece também,
E diz me amar ainda assim.
Um tanto insano quanto ilusório. 
Mas decidi acreditar. 
Estamos no mesmo lugar.
O sentimento vem,
E agora ja nao ha como voltar.