domingo, 19 de março de 2023

Sob as labaredas dos confins da existência factual

 


Há certos conhecimentos que não matam a sede,

Mas envenenam a alma, padecem o espírito.

Pois uma vez que seus pés saírem do limbo de delírio,

Não há possibilidade alguma de se fugir da solidão.

 

Dói a incompreensão.

Mas a dor já não dói como antes.

Tenta-se chorar sem êxito,

Pois não se sente mais nada à flor da pele.

 

Teus olhos desiludidos nunca mais verão cor em uma flor,

Agora enxergas a pele só como o provável destino de uma faca afiada

Conhecer a realidade despida de vestimenta, mas trajada de malícia irreverente

É uma experiência paradoxal.

 

Você morre por dentro a partir do momento que vive sob as labaredas dos confins da existência factual.

Sentenciado a viver recluso para sempre,

Procurando em cada olhar um que esteja procurando um como o seu também.

Olhares sem véus.

 

Um tanto curioso pensar que o destino dos poucos que vem a vislumbrar a verdadeira, genuína e absoluta realidade,

Aqueles poucos que acabam por descobrir todas as respostas ainda não desvendadas,

São castigados com uma vida solitária, incompreendida e lamentável.

O despertar liberta-os da ilusão, mas os aprisiona fora dela.

 

Mortos de sonhos, 

Vazios de compreensão

Cheios de certezas

Em meio a pessoas acorrentadas por fatos falsos

Desconsiderados

Considerados dissimulados

Separados de todos ainda que estejam lada a lado

Vivendo sobre o mesmo chão, porém isolados em realidades paralelas.

 

Não existe mais andar de mãos dadas.

Não existe a alegria de olhar olhos que consigam ver além do que está aparente 

Não existe mais sorrisos de verdade.

Nem noites de sono tranquilas.