quinta-feira, 7 de julho de 2011

Prédios



Eu não tenho medo dessa chuva toda lá fora, eu apenas não tenho vontade de sair. Tá, tudo bem, talvez eu não tenha coragem. Eu ando conforme o caminho se cria. O vento entra pela janela e eu me sinto tão vazia. O vento passa por mim. O vento balança a cortina, eu me sinto parte do mundo. As nuvens passam rápido no céu, tenho a sensação de que uma coisa grande vai acontecer hoje, uma coisa que era para eu saber mas não sei. O céu muda de cor, o tempo passa em preto e branco. Há uma esfera em cima do prédio em frente, uma grande esfera que gira sem parar, tudo para, só ela gira. O mundo para. Definitivamente algo grande vai acontecer hoje, o céu vai cair, vai desabar bem aqui, no nosso chão. Guerra. No final das contas a gente não tem escolhas, a gente não pode simplesmente escolher o caminho. É o caminho, que no fundo, escolhe a gente. Nós não podemos parar. O tempo voá e eu tenho medo de tudo que é futuro. Há uma tristeza profunda aqui dentro. Eu sinto como se eu não estivesse mais aqui, como se eu estivesse vendo de outro ângulo. A rua alagada não me parece uma opção. A vida passa como um filme. Eu estou num lugar onde tudo é possível, tudo está ao meu alcance. A vida de alguém acabou nesse instante, alguém morreu. Eu faço parte do caos, o caos está em mim. Eu não quero que ele vá embora. O mal me toma, dá vontade de rir. Me tirou os sentimentos e eu não ligo. Eu me sinto completa olhando pela janela. A vida é mesmo algo tão bonito! Eu já me apaixonei por ela faz tempo. Eu queria que tivesse alguém tocando piano aqui atrás, eu queria que já fosse natal. Eu queria uma coruja, queria qualquer coisa que não fosse material. Eu correria vários quarteirões se não estivesse chovendo. Talvez tudo tenha o seu próprio jeito de não fazer sentido. Eu sei que um dia o sol vai invadir isso tudo aqui, mas até lá ainda falta tempo. Luz é tudo aquilo que ilumina; ele, é tudo aquilo que me aquece. Parece inverno de novo, tudo é tão mais real. Os prédios pensam, eu tenho medo deles. Tenho medo dos prédios e o que devo fazer num mundo cheio deles? Eu queria ter algo em mim que fosse pra sempre. Construir algo indestrutível. O vento leva o tempo, que começa a passar rápido, tudo vira um borrão. O carro para, me levanto e saio, estou no mesmo lugar. Ninguém diria que eu estaria aqui, tem algo muito feliz nisso tudo. Eu me sinto feliz demais. Eu vi a noite descer e agora as luzes brilham cada um em seu lugar. Como seria se você descobrisse que as estrelas não existem? Você ainda acreditaria no sol? Você ainda rezaria por ele de joelhos no chão? Eu não sei que tipo de pessoa eu sou. Há algo tentador lá fora. É como se houvesse uma força me atraindo para a janela, a janela me quer lá perto. Quero pular pela janela. Quero pular de braços abertos, sentir a liberdade me escorrendo pelos dedos. E se você descobrisse que somos apenas peões nesse tabuleiro? Como você se contenta apenas com palavras? Um pedaço de esperança entrou pela janela, que sorte, pois o meu estoque já está acabando. Não acredito mais em tanta coisa. Tudo tem um tom meio azul. Acho que um dia o mar vai invadir todo esse litoral, acho que essa casa vai desmoronar. Tenho certeza que depois disso a areia da praia ficará branca. Tempos tranquilos, sem turbulências. Fico feliz. Eu lamento por todos aqueles que perderam alguém importante nesse ano. Eu lamento por todos aqueles que não atingiram a meta, a todos aqueles que decepcionaram alguém. Certas linhas são mais difíceis de apagar, nem todo sofrimento dói e ser sempre feliz nem sempre é o caminho mais certo para a felicidade. Na verdade eu acredito, que o mundo merecia ser um pouco mais feliz. Eu acordo e lá fora está nevando. Não sei onde estou e não faço questão de saber. Todos parecem me conhecer, faz frio. A mesa está posta, é hora do café da manha. Era um mundo de perfeitos onde eu era toda errada. Voltei para minha casa. Tudo parece igual, mas não é, no fundo eu sei que não é. Há algo estranho acontecendo. Sinto saudade de um escudo, sinto saudade de alguém do meu lado. Procuro alguém. Alguém pede ajuda, mas é tarde demais. Eu acordo e a realidade me assusta. ZUM ZUM ZUM ZUM e minha mente não para, a música me invade. Eu estou dentro de um video game, eu escalo a montanha e pego a espada da vitória. A realidade vira video game, tudo está em 2D. TUDO ESTÁ EM 2D. Eu não me importo. I dont care, I dont care. Tudo é muito colorido. Eu estou numa loja de doces e balas. As crianças não são mais as mesmas. Tudo está escuro lá fora. Eu queria saber como o fogo faz pra queimar, como a bala da arma se move no ar. Tudo faz um sentido esquisito. Tá dando pane no circuito, no circuito, no circuito. Que barulho é esse? Exponha suas verdades, be a good boy, give it back to her. Tudo que é novo é assustador. Eu tenho medo de ser mãe, medo dessa responsabilidade, medo de perder a vida que levaria comigo. Porque tudo que a gente ama acaba sendo um peso nas costas? Cheiro de cebola, forte. Tudo é muito intenso, eu queria pegar essa música pra mim, essa música tem um gosto familiar. Sinto saudades do ar puro. Eu me espreguiço, sensação gostosa, o tato aguçado, sinto como se alguém me tocasse pelo corpo todo, sinto um arrepio. Acabou de acontecer algo estranho, toda música era igual. Eu quero andar essa cidade toda, eu quero correr atras de uma borboleta, não que eu goste delas, mas... São só 10 pras 9 e o céu já começou a clarear, parece madrugada, me da vontade de sair. Me da vontade de sair e ver todas as luzes, ouvir todos os ruidos urbanos. O tempo passou e eu deitada na cama. A animação passou, olha o transtorno bipolar se confirmando. O computador tá com virus, estou com medo de perder todos os segredos que eu guardo aqui, ou de perder todas as lembranças que aqui se encontram, esse computador é minha memória. Me coloco no lugar das pessoas para analisar situações, acho isso sensato. Musicas que lembram momentos, cheiros que lembram sabores, isso tudo não é tão impressionante? Maquinas, maquinas e mais maquinas. Eu nunca conheci um marinheiro, eu nunca conheci alguém que não tivesse calcanhar. A chuva assasina não se cansa, eu não tenho esperanças para praia amanha. Eu preciso de um tempo, um tempo de tudo. Precisava fugir pra longe, para me entender, entender a vida por ela mesma. Meus olhos pegam fogo, eu presto atenção nos barulhos. Me sinto confortavel no meu quarto. Eu sou composta de opostos, sou tudo que eu queria ser, mas se você prestar atenção eu tenho 2 pés. Eu cansei de reações estranhas. Eu ouço coldplay e me lembro de tudo aquilo de ruin que aconteceu na minha vida. Não me sinto mal, me sinto leve. Eu sou leve como uma pluma, nada me afeta. Há um grande vazio. Vazio. Chuva. Virus, virus, virus. Droga! Esses sons. Carros passando, acelera. Eu não gosto, eu não quero. Porque tudo é tão confuso? Carros passando. Felicidade, felicidade. Me sinto leve. Tranquilidade. Adeus.

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