Já não sabia mais lidar com a vida. Tinha 17 anos e alguns trocados no bolso. O céu cinza fazia sentido e a aconchegava, a protegia desse mundo faminto. Não esperava que um homem a salvasse.
"Não sou mais criança." - Ela diria.
O fato é que estava perdida e nem sabia por onde começar.
Olhava e tudo que via eram peças de diferentes quebra-cabeças. Nada se encaixava, já estava cansada.
O tênis com a sola já gasta incomodava. Os cadarços, sujos.
Perdida estava e perdida continuou.
E se alguém notou a presença dela no bar, não comentou, guardou pra si e nada fez, nenhuma atitude tomou, deixou que a vida cuidasse daquele corpo que ali estendia.
Aqueles olhos vazios não faziam questão.
Estava tudo bem.
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