sexta-feira, 24 de maio de 2013

Sede que Sustenta


Em meio as folhagens, ele esta lá. Se procura-lo, ele estará lá.
A noite cai e suas pernas babeiam de medo. Tremulas, ele continua a correr.
Esperando a qualquer momento um ataque por trás, ele corre sem nem olhar, sem nem pensar. Mal respira.
A vida é mais importante, é a sede por ela que o faz viver mas também é essa sede que sustenta a caça.
Pode sentir o vento contra seu rosto, o mato pinicando a pata. Cadê o abrigo? Cadê a ajuda ?
Uma luz branca então toma conta do local, vindo por trás e clareando tudo a frente.
Ele não entende, o medo passou pra nunca mais voltar, disso ele sabe.

O que ? O que aconteceu ? Ele vê sua mãe e também sua avó, mas ambas haviam sido devoradas por um assassino cruel e destemido, o rei da selva... elas estavam mortas e ele podia vê-las, como ? Como seria possível ?

Pobrezinho, nunca se quer teve uma chance. Agora, com os olhos já esmaecido, serve de banquete para o Leão. 

Enquanto tenta entender, sua mãe o abraça e seu colo o acalma. Agora ele entende, é tão quente que chega a ser bom. Bom demais pra ser verdade, bom demais pra ser solido. É claro, é óbvio, agora ele é alma. E ao perceber se desmaterializa, torna-se um suspiro no meio do campo.
O Leão satisfeito, dorme e em algum lugar dessa extensa savana um cervo corre sem nem olhar, sem nem pensar. Mal respira. E tudo isso em vão, pois o assassino de sua família não está lá para caça-lo, não hoje. 

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